segunda-feira, 11 de junho de 2007

Historiadores








Historiador
A profissão de historiador surgiu na Antiga Grécia, com os primeiros relatos de viagens, e durante muito tempo o historiador limitou-se a ser um mero cronista ou narrador, centrando os seus relatos, essencialmente, nos factos e nas datas dos acontecimentos.
Actualmente, o historiador procura não apenas narrar o passado, mas também compreender todos os aspectos relacionados com a evolução dos acontecimentos. A história procura entender e explicar os acontecimentos históricos, existindo por parte do historiador um interesse em compreender a forma como se processa determinada realidade e os motivos por que ela sucede. Assim, os historiadores pesquisam e analisam os acontecimentos e as actividades do passado das sociedades humanas, tendo sempre presente a preocupação de interpretar as informações que recolhem. Para isso, utilizam muitas fontes de informação (escritas e não escritas), nomeadamente jornais, revistas, livros, diários, cartas, gravações, fotografias, entrevistas ou filmes.
Tradicionalmente, os historiadores têm desenvolvido as suas funções a um nível mais académico, uma vez que o seu trabalho tem consistido, sobretudo, na realização de estudos e trabalhos de investigação de natureza teórica. Procedem à selecção de um certo número de factos relativos à época em estudo e constituem, com base neles, conjuntos de explicações que se relacionam e são coerentes entre si, comparando-as com outros acontecimentos da época e descrevendo as informações obtidas de forma lógica. Este trabalho apresenta muitas vezes sérias dificuldades, pois requer a capacidade não apenas de decifrar acontecimentos passados, como também de estabelecer os motivos que conduziram a esses acontecimentos. Quando efectuam trabalho de investigação, os historiadores baseiam-se frequentemente em textos de outros autores ou especialistas, pelo que o seu trabalho também inclui a confirmação da autenticidade, data e proveniência desses textos (crítica externa), a avaliação da competência dos seus autores (crítica de credibilidade) e a sua interpretação, de modo a poderem avaliar a importância dos testemunhos (crítica interna).
Mais recentemente, o trabalho dos historiadores passou a contemplar também uma actuação mais prática, que pode passar por áreas como a conservação do património. Por exemplo, quando integrados numa autarquia, os historiadores fazem o levantamento do património existente, de modo a avaliarem qual o que deve ser preservado e qual o que deve ser recuperado, procedendo, para esse efeito, a vistorias e estudos da zona em causa. Posteriormente, elaboram relatórios com pareceres relativos à futura intervenção, avaliando o valor histórico e cultural do objecto ou zona em questão.
Neste campo, a actividade dos historiadores é ainda mais abrangente. Elucidam as populações no que se refere às alterações a introduzir em determinado espaço e às modificações que esta intervenção provocará na comunidade, tanto a nível social, como a nível histórico-cultural. Procuram ajudar à integração das populações nesse espaço, bem como estimular a sua valorização (dinamização das populações), com o objectivo de promover a preservação e salvaguarda da realidade histórica local (sensibilização para o património). Num bairro histórico, por exemplo, o historiador procura explicar à população local a necessidade das intervenções de que esse bairro é ou será alvo para a eficaz reabilitação/conservação do património histórico local, apelando ao envolvimento e participação da população nesse processo. Periodicamente, procedem à avaliação dos resultados das intervenções efectuadas, procurando estar atentos às reacções das pessoas. Por outro lado, avaliam também a adequação das intervenções nas estruturas arquitectónicas (designadamente, averiguam se as obras efectuadas respeitam a traça original dos edifícios).
Normalmente, os historiadores especializam-se num dado país ou região específica (Portugal, Península Ibérica, etc.), num determinado período de tempo (Idade Média, Idade Moderna, etc.) ou num campo de aná7lise particular que pode ser, nomeadamente, história económico-social, história política, história diplomática, história da arte, história da literatura, história das religiões ou história das famílias. Também podem especializar-se no estudo e preservação de material de arquivo, artefactos, edifícios e locais históricos. Possibilidades mais recentes são o estudo da história local ou regional (regra geral, ao serviço de uma autarquia) e, mais esporadicamente, o estudo da história de determinada instituição.
Sendo a história um saber qualitativo, não dispensa, contudo, o contributo das estatísticas, pelo que a utilização da informática se tem revelado um precioso instrumento de trabalho. Por outro lado, o acesso a novas tecnologias, como o CD-Rom, a Internet ou os microfilmes, entre outras, veio provocar alterações no modo de utilização das bases de dados bibliográficas. De facto, com a utilização dos meios informáticos e de outros meios audiovisuais, postos à disposição em arquivos e bibliotecas para a leitura e análise de documentos, os historiadores estão hoje mais apetrechados para analisarem e interpretarem os acontecimentos. Estes profissionais poderão também vir a utilizar as novas tecnologias para melhor divulgar junto dos cidadãos todo um espólio existente sobre determinada temática, por exemplo, através da criação de "museus virtuais".
A profissão de historiador exige um conjunto de conhecimentos que permitam estudar o passado numa perspectiva global. Assim, é importante que o historiador possua noções de economia, filosofia, sociologia, política, antropologia, psicologia, literatura e linguística. Outros conhecimentos poderão ser úteis ao historiador, dependendo da sua área de actuação. Em história da arte, por exemplo, é importante possuir conhecimentos de geografia, urbanismo, arquitectura e fotografia. Na vertente mais prática da sua actividade, no âmbito do trabalho desenvolvido numa autarquia, por exemplo, é comum os historiadores colaborarem com profissionais de outras áreas, essencialmente arquitectos e sociólogos, mas também engenheiros, assistentes sociais e antropólogos. No que diz respeito ao trabalho de investigação, mais teórico, o historiador pode preferir trabalhar sozinho ou optar por trabalhar em colaboração com outros historiadores. Estes profissionais podem ainda necessitar da colaboração de bibliotecários e arquivistas no decorrer das suas pesquisas bibliográficas.
Dadas as suas características, esta profissão requer uma boa capacidade de comunicação oral e escrita. Persistência, paciência, capacidade para ouvir os outros e aceitar diferentes opiniões e perspectivas e, ainda, ter bons conhecimentos de línguas, são características igualmente importantes para quem queira seguir esta profissão.